Uma reflexão sobre a produção artística brasileira entre a década de 1930 e 80, a partir da ideia de subdesenvolvimento, mostrando as contradições do país, e o que falta a ser melhorado. Assim é a exposição “Arte Subdesenvolvida”, em cartaz até o dia 5 de maio, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, após temporada de sucesso em São Paulo em Belo Horizonte. O curador da mostra, Moacir dos Anjos, traz à cena a questão que permeou os debates ao longo do último século.
“A exposição busca mostrar como a ideia de subdesenvolvimento balizou a discussão nos campos da política, da economia e também da cultura no Brasil em boa parte do século passado. A ideia de subdesenvolvimento como algo que constrange boa parte da população brasileira, que é um indicador da falta que boa parte da população brasileira sente das condições básicas de vida. Mas também pensar o Brasil subdesenvolvido é uma forma de pensar formas de superá-lo”.
Com trabalhos de mais de 20 artistas, a exposição é uma forma de mapear como reagiram a essa condição de subdesenvolvimento e elaboraram modos originais de entender essa situação. Entre eles, o curador destaca nomes da cena literária, do cinema, teatro e educação.
“A exposição traz muitos artistas conhecidos e outros nem tão conhecidos, agregados sobre este mesmo tema. Então, entre vários outros a gente pode falar da presença de Portinari, pinturas de Portinari, Lula Cardoso Ayres, de Abelardo da Hora, com esculturas e gravuras, Wellington Virgolino, artista menos conhecido, de Pernambuco, mas que tem obras incríveis”.
Outros importantes nomes são Hélio Oiticica, Ferreira Gullar, Cildo Meireles, Anna Bella Geiger, Carolina Maria de Jesus e Paulo Freire. Moacir dos Anjos destaca também a importância da mostra. Para ele, falar sobre o subdesenvolvimento é pensar o Brasil de hoje.
“Eu acho que essa discussão do subdesenvolvimento é importante para hoje, para o visitante que vai a mostra hoje em dia porque, na verdade, há um pouco de espanto, porque não se fala mais de subdesenvolvimento. Desde meados dos anos 80 a mídia, a academia, os organismos internacionais falam de países em desenvolvimento, países emergentes. Como se o subdesenvolvimento não fosse mais uma condição estrutural, mas apenas uma situação passageira, que com o passar do tempo vai se esvair”.
A mostra “A Arte Subdesenvolvida” tem entrada franca e classificação livre. Pode ser vista no CCBB RIO de quarta a segunda-feira, de 9h às 20h. Após a temporada carioca, a exposição seguirá, para o CCBB Brasília.
